Alexandre Nicolau, especialista sênior em Data Center

Existem ciclos da tecnologia em que determinados temas começam a perder relevância, enquanto outros passam a ter mais destaque, e ao atingir o ápice, iniciam seu declínio para que novas tecnologias apareçam e substituam as existentes. É possível observar um movimento similar com a tecnologia de Data Center.

Com a chegada das soluções de Cloud, os Data Centers tradicionais passaram a perder a relevância que sempre tiveram no mundo da tecnologia da informação. As cargas de trabalho começaram a passar massivamente para essas estruturas em nuvem devido aos diversos benefícios que trouxeram na forma como as empresas consomem esses serviços, pagando somente por uso na elasticidade e agilidade para colocar uma nova solução em produção, até então impensável na maneira tradicional.

Essas vantagens permitiram às empresas encontrarem quase que uma solução milagrosa para resolverem diversos dilemas que sempre existiram e pareciam não ter solução. Entretanto, esses benefícios milagrosos vieram com um ônus muitas vezes complicado de digerir, num recurso que é cada vez mais escasso para todas as empresas, o temido orçamento de tecnologia da informação.

Devido às turras existentes com esse dilema que todas as empresas precisam enfrentar e aos altos custos que a migração desgovernada à cloud acabou gerando, o Data Center tradicional voltou aos palcos como um dos protagonistas. Porém, é fato, os Data Centers não podem ser conduzidos do mesmo modo que antes e necessitam trazer alguns benefícios que os clientes se acostumaram no mundo da nuvem e que não conseguem abrir mão.

Uma boa notícia é que a maioria dessas diversas modernizações também podem ser trazidas ao bom e velho Data Center para que novas vantagens possam ser aplicadas às cargas de trabalho, como elevados níveis de automação, garantindo maior agilidade para colocar os projetos em produção e a adequação dos diversos fabricantes de hardware e software ao modelo “as-a-service” como forma de consumir os produtos de tecnologia.

Praticamente todos os fabricantes, hoje, adotam esse serviço como forma de comercialização dos seus produtos o que não era uma realidade há dez anos e isso vem contribuindo bastante para a modernização dos Data Centers às adequações comerciais que o mercado busca ao consumir tecnologia.

Os ambientes de armazenamento possuem grande relevância por serem instalações que centralizam os dados, recursos computacionais e a conectividade de rede, formando os três pilares fundamentais que toda empresa precisa para tocar seus negócios. Dessa forma, eles contribuem para o crescimento de serviços digitais vitais, dos quais bilhões de pessoas dependem diariamente e não somente concentrados em grandes organizações, mas empresas de todos os tipos, segmentos, verticais e porte confiam nos Data Centers como parte da sua transformação digital.

 

Revolução dos Data Centers

Outra revolução que também vem trazendo grande relevância aos Data Centers é a computação de borda, ou Edge Computing.  Iniciada em 2020, impulsionada pela pandemia, a tecnologia segue em ritmo acelerado e promete liderar estratégias de empresas de variados setores. Ela vem gerando uma avalanche de inovação em produtos e serviços, além de oportunidades de negócios de maneira surpreendente no mercado.

O Edge Computing, de acordo com a definição do Gartner, é um conjunto de soluções para facilitar o processamento de dados próximo da origem (borda), ou até mesmo na origem da geração das informações. A vantagem dessa arquitetura é que os dados podem ser processados de maneira mais eficiente porque o poder de computação está perto dos sistemas ou do usuário.

Pode ser que você esteja se perguntando qual a diferença entre Cloud Computing e Edge Computing? Diferentemente da computação em nuvem, que exige um servidor centralizado, o Edge está apoiado em arquitetura granular. Ou seja, microdatacenters espalhados, justamente para que o usuário tenha conexão próxima e resposta rápida, sendo muito mais aderentes às necessidades das novas aplicações que demandam baixo tempo de resposta e que têm surgido aos milhares.

Entre os inúmeros benefícios do Edge Computing está a baixa latência, que viabiliza a adoção de tecnologias que necessitam de resposta veloz como as aplicações de IoT, telemedicina, carros autônomos e drones. Aplicativos em tempo real também poderão atuar sem riscos de atrasos ou inatividade. Essas demandas também estão diretamente vinculadas a outro tema de extrema relevância, a Inteligência Artificial, que está na boca e no projeto de todas as empresas, pois ninguém fala mais sobre outra coisa.

 

Perspectiva futura

Um novo cenário vai se abrir e movimentar o setor e a economia. De acordo com o Market Research Future, o tamanho do mercado de Edge Computing deve crescer de US$ 19,38 bilhões em 2024 para US$ 46,17 bilhões até 2032, exibindo uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 48,64% durante esse período. As consultorias atribuem esse crescimento especialmente a empresas de telecomunicações, redes 5G em expansão e provedores de nuvem.

A revolução das aplicações de Inteligência Artificial (IA) também será um dos grandes motivos para impulsionar a utilização dos Data Centers tradicionais, que vão gerar bilhões de dólares de investimentos, uma vez que o uso desse tipo de infraestrutura na Cloud teria um custo proibitivo para a grande maioria das empresas. Além disso, para se treinar um algoritmo de inteligência artificial é necessária uma quantidade massiva de dados e uma capacidade computacional de altíssima performance, com baixíssimas latências, demandando elementos de rede de 200 a 400 Gbps para a comunicação entre os nós computacionais e os meios de armazenamento. Essas iniciativas vão gerar grande movimentação na economia global com investimentos massivos e o Data Center está bem no centro dessas ações.

Em suma, respondendo à questão que dá nome a este artigo: não, o Data Center não está perdendo a relevância. O papel desta tecnologia para as empresas não só vem ganhando cada vez mais destaque, como será um dos principais responsáveis pelas transformações digitais que estão por vir.

 

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