Anaías Hafemann*

Blumenau, 20 de junho de 2018 – A palavra “agronegócio” vem do inglês agrobusiness. E, como um negócio, engloba todo o conjunto produtivo da cadeia agrícola, desde o plantio até a comercialização, desde as grandes indústrias ao pequeno agricultor – aquele que planta para uso familiar e para vender o excedente na feira-livre da cidade, por exemplo. Todos estão inseridos na cadeia do agronegócio, mesmo que seja em apenas uma de suas muitas etapas.

Como todo ramo de negócio, o agro trabalha com três pilares principais: redução dos custos de produção, maximização dos lucros e aumento da produtividade. A redução de custos pode ser considerada uma das mais importantes pois impacta diretamente o fluxo de trabalho do produtor rural. Hoje, por exemplo, um agricultor investe cerca de 15 a 30% do custo total de combustível apenas para deslocar equipamentos – ou seja, se ele paga mil reais de combustível, poderá gastar até R$ 300 só em deslocamento.

O agronegócio ainda tem outra particularidade: a sazonalidade. Como um todo, o cenário da agricultura muda a cada sete anos, aumentando ou diminuindo a sua lucratividade. Em alguns anos culturas específicas como o café ou o milho estão muito boas, porém no ano seguinte esse quadro pode mudar completamente. Sem uma gestão adequada, essa oscilação pode ser muito prejudicial ao agricultor, uma vez que ele precisa saber como e quanto poupar durante as safras positivas, para que o período de baixa não traga tanto prejuízo. Quando as boas safras retornam ele consegue se recuperar mais rápido, em um negócio verdadeiramente sustentável. Por isso, os programas de gestão voltados ao campo tem de ser práticos, intuitivos, fáceis e englobar tudo isso, para que o produtor possa reduzir os custos e maximizar o lucro.

Para falar de produtividade, precisamos ainda olhar para a evolução da tecnologia no agronegócio. Hoje, o produtor rural investe em drones para fazer leituras de campo, em máquinas que fazem a colheita de forma automática e em uma série de outras inovações, mas muitas vezes ainda lhe falta a gestão e o controle de toda essa produção. Não adianta ter máquinas coletando informações e mandando tudo para a nuvem, se não há quem ou algo que transforme esses dados em subsídios a serem usados no campo.

Recentemente, um cliente da Senior nos procurou e pediu uma solução de gestão por metro quadrado. Ouvimos esse conceito pela primeira vez em junho do ano passado e ficamos boquiabertos. Estamos falando de um grande produtor, com 140 mil hectares, que pediu diretamente “uma gestão do espaço por metro quadrado”. Aí você pensa no tamanho de um hectare, que equivale a uma quadra em uma cidade. Então ele tem 140 mil quadras de propriedade e fala em administrar cada metro quadrado. Como isso é possível? Com tecnologia e gestão. É a única forma de conseguir fazê-lo.

Um bicho de muitas cabeças chamado agronegócio

Nós sabemos que lidar com o agronegócio não é fácil. Além das distâncias serem muito grandes, temos os desafios do dia a dia que fogem ao controle, como fenômenos climáticos, pestes e parasitas que podem comprometer toda uma safra, então tudo tem de estar muito bem controlado, do ponto de vista do negócio, e a administração gerencial deve ser minuciosa em cada etapa da cadeia. Por consequência, a tecnologia deve refletir essa demanda. Hoje, ao utilizar aplicativos e programas de gestão, um produtor consegue visualizar o total de hectares plantados, sua produtividade por fazenda e/ou por área plantada, a média de sacas por hectare e os mapas com as áreas separadas por atividade, entre outras funções, visualizando onde estão os problemas, onde a produtividade está maior ou menor, e o que precisa ser feito.

Outro fator muito importante – e que muitas vezes é negligenciado – é a gestão multimoeda. Por exemplo, se o cliente tem muitas compras em dólar e poucas vendas na mesma moeda, o programa de gestão deve avisar a probabilidade de déficit, a fim de que o produtor tenha tempo de rever contratos e atividades, para não ficar exposto e suscetível àquela moeda.

Por mais tecnológico que seja seu produto, não se pode esquecer que o agricultor ainda preza muito a parceria, confiança e o aperto de mão com “olho no olho”. Então é necessário conhecer o cenário e o histórico de cada empresa com que se faz negócios – novos ou já existentes.

Uma breve história do agro no Brasil

O agronegócio evoluiu muito nos últimos 40 anos. Tudo começou quando os imigrantes vieram para o Brasil e trouxeram todo o conhecimento europeu de agricultura. Então ele surgiu no Sul do país e seguiu para outros Estados: Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Se você colocar toda essa trajetória no papel, a evolução do campo deu um salto desde os anos 80. Apenas nos últimos vinte anos, o agronegócio cresceu 37% em área e 176% em produção. Nos próximos dez anos, a projeção de crescimento é de cerca de 15% em área e 30% em produção. Ou seja, o agro consegue usar cada vez menos área e aumentar cada vez mais a produtividade. Isso que ainda temos dezenas de milhões de hectares a serem explorados no Brasil.

Em 2050, seremos 9,6 bilhões de pessoas e o Brasil será responsável por 40% do mercado de agronegócio do mundo. Seremos o celeiro do mundo. Então sempre haverá investimento nesse negócio. Não importa qual é a sua linha dentro do agro: pode investir nesse segmento que as oportunidades certamente chegarão.

*Anaias Hafemann é especialista de Agronegócios da Senior, uma das maiores empresas especializadas em tecnologia para gestão do País.

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