Executivos de data centers, fundos de investimento e membros da Brasscom, associação brasileira da indústria de TIC, se encontraram na terça-feira (22) em Brasília com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin.
Na pauta esteve o Redata, o ainda não lançado plano de isenção fiscal federal para cortar custos de construção e instalação de data centers.
A BNamericas conversou com três fontes que participaram da reunião, que também discutiu tarifas dos EUA e regulamentação de IA.
Representantes da indústria vêm tentando organizar uma reunião há algum tempo. Empresas de tecnologia e data centers estão pressionando o governo a implementar o Redata, com alguns executivos alegando que os investimentos estão sendo retidos por clientes que aguardam as isenções.
A reunião ocorreu um dia após o presidente Lula editar uma medida provisória focada em benefícios para data centers instalados em zonas de processamento de exportação (ZPEs) – o texto não aborda, contudo, o Redata, nem os custos de equipamentos ou os data centers em outras partes do país.
Isso gerou rumores de que o governo abandonaria a política mais ampla, em parte devido ao déficit fiscal federal, e manteria os benefícios da ZPE. Todas as fontes consultadas pela BNamericas negaram veementemente que esse seja o plano.
Segundo algumas estimativas de mercado, a política pode representar uma redução de R$ 700 bilhões na arrecadação de impostos para os cofres federais por ano.
‘EUA e Redata’
Apesar da iniciativa privada, o convite para a reunião partiu do governo. O assunto oficial era “EUA e Redata”.
Segundo uma das fontes presentes, Alckmin garantiu que o governo e os ministérios “continuam com a intenção de seguir em frente com o Redata”.
“Eu já estive em outras dessas, em diferentes momentos, e realmente achei que foi bem positivo”, comentou uma fonte. “A mensagem foi: os ministérios continuam alinhados em relação à importância do tema, entendem a urgência e entendem que é uma oportunidade de timing também.”
Uma segunda fonte disse que “está entendido” que o governo anunciará a política antes do prazo de 1º de agosto estabelecido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, quando uma tarifa básica de 50% sobre o Brasil entrará em vigor.
O anúncio do Redata, que prevê uma redução de cerca de 50% nos custos de importação de equipamentos de dados, seria um aceno ao governo dos EUA.
“Dario [Durigan, secretário executivo de finanças] disse que o programa sairá antes de primeiro de agosto”, revelou outra fonte, para quem o governo quer abordar a questão tarifária por meio de conversas e negociações, em vez de retaliações.
“Todas as big techs presentes, e todas as empresas de data centers, se comprometeram com investimentos ainda maiores dos que os anteriormente mencionados com a implementação do Redata”, destacou.
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Inicialmente, estimava-se que seriam desbloqueados R$ 2 trilhões em investimentos com a política. Uma terceira fonte comentou ainda que o governo se comprometeu a aprovar o Redata, por entender que a medida “é fundamental para o futuro tecnológico e econômico do Brasil”.
Sem o Redata, acrescentou, o Brasil pode perder um lugar no mapa global dos data centers de inteligência artificial. Além disso, toda uma cadeia de suprimentos de fornecedores, contratistas e provedores, entre outros, deve se beneficiar de sua aprovação.
“Hoje, cerca de 60% da demanda nacional por computação em nuvem é processada fora do país, principalmente por conta dos altos custos internos. Este cenário contribui para um déficit crescente na balança de serviços de TI, algo que se agrava ano após ano”, ressaltou.
Entre os que falaram durante o encontro estavam o presidente da Brasscom, Affonso Nina, quatro executivos de data centers, entre eles CEOs e diretores de assuntos regulatórios, um executivo de um fundo de investimento de uma empresa de data centers, além de Alckmin e Durigan.
Para continuar lendo acesse: Indústria de data centers se reúne com Alckmin para discutir impostos e tarifas – BNamericas