No Brasil, o mercado de tecnologia emprega mais de 1,3 milhão de pessoas. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), 50 mil postos de trabalho aguardam por profissionais qualificados para ocupá-los.
Portanto, quando Guto Ramos, Felipe Paiva e Omar Pavel decidiram investir R$ 750 mil para criar a Let’s Code Academy, que oferece curso de programação de software para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, estavam apostando na formação dos profissionais do futuro.
“Sabemos que é preciso oferecer formação adequada para que a próxima geração domine o mundo digital. Com este objetivo, criamos um método próprio para o ensino de programação, criação de jogos e de aplicativos. O aprendizado ocorre de forma rápida, simples, objetiva e divertida”, afirma Guto.
Os três sócios passaram um ano desenvolvendo o material didático da escola, que foi inaugurada há três meses. “A aceitação tem sido ótima. Além das aulas que ocorrem em nossa unidade, também fechamos parceira com uma escola americana bilíngue, onde ministramos aula de programação. Estamos negociando proposta semelhante com outras escolas”, conta.
Guto diz que a Let’s Code oferece 16 cursos, aplicados conforme a faixa etária. “Nosso material didático acompanha o que a criança está aprendendo na escola. Por exemplo, na segunda aula do curso de scratch, para crianças acima de 8 anos, ensinamos planos cartesianos. O aluno percebe que o que aprende na sala de aula e acha que não vai servir para nada, é usado para criar jogos. Para que os personagens dos jogos realizem determinadas ações, é preciso fazer contas e equações.”
Segundo ele, o aprendizado desenvolve o raciocínio lógico e ensina a trabalhar de forma organizada e estruturada, além de desenvolver o pensamento criativo. “Esse conjunto de benefícios acaba tendo reflexo no desempenho escolar.”

Guto, um dos sócios da Let’s Codem Academy


Guto conta que a meta para o primeiro semestre de atividade de alcançar 50 alunos foi atingida na metade do tempo. Nos próximos seis meses, espera atingir 125 alunos.
No caso da Happy Code, a inspiração para fundar o negócio surgiu quando a filha de 11 anos de Rodrigo Santos pediu para fazer um curso de desenvolvimento de games, com duração de duas semanas, nos Estados Unidos.
“Fui acompanhá-la e descobri esse mundo do ‘code’ para crianças, não sabia que esse público estava aprendendo a criar códigos. Lá, tive o insight para fundar a empresa”, conta.
Criada no início de 2015, a marca virou franqueadora e inaugurou a primeira unidade em junho do mesmo ano.
Santos diz que para ser um franqueado o investimento varia de R$ 200 mil a R$ 250 mil. O valor inclui reforma do prédio, taxa de franquia e uma reserva para o fluxo de caixa.
A Happy Code está com 15 unidades em operação e outras 15 já foram vendidas. “No momento, estamos com 22 unidades em processo de assinatura e devemos fechar o ano com 50 unidades comercializadas.”
Segundo ele, a previsão de retorno é de 24 meses, sendo que e o ponto de equilíbrio é alcançado entre seis e oito meses. “Até o final de 2017 deveremos estar com 100 unidades em operação”, estima.
O empresário diz que a escola atende alunos de 5 a 17 anos. “As aulas são semanais e têm duração de 90 minutos. Na capital, a mensalidade é de R$ 290 e no interior o custo fica em R$ 250.”

Rodrigo Santos, fundador da Happy Code


Santos afirma que o curso estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico, a criatividade, a resolução de problemas e o domínio do inglês. “Eles adquirem habilidades que poderão ser usadas em qualquer área.”
Ele conta que a proposta da Happy Code é mais ampla do que simplesmente ensinar tecnologia. “Por mais que seja um curso para aprender a programar, não acreditamos que devemos formar programadores. Nossa visão de ensino está mais relacionada ao desenvolvimento de competências e habilidades. O ensino de programação é mais amplo do que o desenvolvimento de códigos.”
Formado em ciência da computação, o fundador da Super Geeks, Marco Giroto, aprendeu a programar aos 12 anos. Casado com a professora Vanessa, conta que quando tiveram a ideia do negócio viram que poderiam unir as competências de ambos para tocar a empresa.
“Desde o início, formatamos o negócio para ser rede de franquia, para que fosse escalável e replicável. As três primeiras unidades estão em operação desde o segundo semestre de 2015. Hoje, já estamos com 30, nas quais empregamos cerca de 150 pessoas.”
Segundo ele, até o momento a escola atende crianças de 7 a 16 anos. “A partir de 2017, teremos curso para crianças de cinco e seis anos, com uma pegada mais lúdica.”
Giroto acredita que dentro de dez anos muitas profissões exigirão bons conhecimentos de programação. “Já vivemos essa realidade em áreas como medicina, agronomia e engenharia.”

Marco e Vanessa Giroto, fundadores da Super Geeks


Ele conta que as aulas são semanais, mas a escola oferece apoio pedagógico permanente por meio de seu portal. “Eles levam atividades para desenvolver em casa, dizemos que têm ‘diversão’ de casa.”
Para ser um franqueado o investimento parte de R$ 150 mil e pode chegar a R$ 200 mil, dependendo do porte. O retorno ocorre entre 24 e 36 meses. A marca deve fechar 2016 com 50 unidades e terminar 2017 com 80.
‘Aprendizado ajudará a entender parte do mundo em que vivem’
Antes de fundar a Mad Code, Daniel Cleffi trabalhou 15 anos na Microsoft. “Nos últimos quatro anos, liderei a área de governo e educação. Nesse período, tive acesso a projetos que estavam ocorrendo no mundo todo e observei que estava havendo um movimento de ensino de programação para crianças.”
Segundo ele, lideres como Barack Obama, Mark Zuckerberg e Bill Gates estão envolvidos nessa proposta. “Além deles, vi que havia uma forte discussão, que ainda existe, para que ocorra a inserção obrigatória da disciplina ‘programação’ no currículo escolar de diversos países.”
Cleffi acrescenta que o fórum Econômico Mundial de 2015 divulgou estudo do Boston Consulting Group (BCG) apontando que o cidadão do século 21 precisa ter um conjunto de habilidades fundamentais para o seu sucesso, entre elas, aprender a programar é uma forma de alfabetização fundamental para qualquer individuo, salienta o estudo.
“Entendi que as crianças precisavam ser alfabetizadas digitalmente, porque essa é a nova língua franca. Não entendê-la significa não compreender parte do mundo no qual elas vivem, tornando-as vulneráveis e vítimas em potencial dessa tecnologia.”

Daniel Cleffi, fundador da Mad Code


Cleffi diz que por gastarem muito tempo diante das telas, as crianças que forem alfabetizadas digitalmente poderão usar esse tempo de forma mais produtiva, ou seja, criando soluções para facilitar situações de suas vidas, ou que promovam algo novo.
“A criação da Mad Code foi uma conjunção de fatores. Depois de um ano de estudo sobre a viabilidade do negócio, que incluiu viagem ao Vale do Silício e à Europa, resolvi, junto com três sócios, criar a empresa.”
Fundado em 2014, o negócio conta atualmente com 20 funcionários. “Atendemos crianças de 5 a 17 anos. Estamos com três unidades na capital paulista e três no Rio de Janeiro. Ano que vem, pretendemos ampliar o número de unidades próprias.”
Segundo ele, as turmas têm em média 15 alunos, sendo que o currículo básico demanda quatro anos de estudos, podendo ser ampliado para áreas mais especializadas.
O empresário afirma que noções básicas de programação são obtidas em menos tempo, dessa forma, o aluno poderá entender minimamente como a tecnologia funciona e como as coisas são programadas.
Cleffi afirma que a formação estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico, foco e capacidade para resolver problemas. “Estes são exemplos de competências e habilidades que este aprendizado traz a reboque. Eles são tão importantes quanto o aprendizado técnico.”
O custo médio mensal por aluno é de R$ 380. As aulas são semanais e têm duração de 60 a 90 minutos.
Estadão

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