No último dia 14 de março, o prefeito de São Francisco, Edwin Lee, desembarcou no Brasil para uma viagem de sete dias com o objetivo de estreitar laços entre a cidade norte-americana e empresas brasileiras.
Esta foi a primeira vez que um prefeito de São Francisco veio ao país, em uma visita que incluiu paradas em São Paulo e Rio de Janeiro para participações em eventos, encontros com associações e empresas nacionais, além de reuniões com autoridades das cidades visitadas.
Apesar da agenda agitada, a viagem de Lee teve um objetivo central: o projeto LatinSF, um programa de desenvolvimento econômico criado há dois anos pela administração do prefeito, com objetivo de trazer para sua cidade empresas latino-americanas que estejam interessadas em se internacionalizar ou aproveitar seu ecossistema.
O LatinSF é uma iniciativa desenvolvida nos moldes do projeto ChinaSF, um plano criado em 2008 que reuniu a iniciativa privada e a prefeitura de São Francisco para levar empresas chinesas para lá. Nos oitos anos desde sua criação, o ChinaSF foi responsável por recrutar mais de 50 companhias do gigante asiático para a Bay Area e hoje já conta com escritórios físicos em Pequim e Xangai.
Na prática, a iniciativa funciona como um serviço de concierge, ou uma espécie de “tapete vermelho” para empresas que querem desembarcar nos Estados Unidos, garantindo não só apoio jurídico, mas facilitando o acesso a locações físicas, networking, financiamento e até imigração de pessoal da empresa durante o processo de internacionalização. Além disso, a iniciativa também tem o objetivo de criar pontes entre organizações com negócios similares baseadas em SF e em países latino-americanos para o desenvolvimento de ações conjuntas e possíveis novos negócios no futuro.
A versão latino-americana do projeto teve início em 2014, através do investimento de cerca de US$ 100 mil junto ao Centro de Desenvolvimento Econômico de São Francisco para iniciar os trabalhos de “importação” de companhias da região para a cidade. Pela proximidade do país com os Estados Unidos, o projeto começou pela Cidade do México, mas hoje já envolve empresas dos principais mercados da região, como Brasil, Colômbia, Argentina e Chile.
Até agora, duas empresas brasileiras já participaram do projeto para abertura de escritórios na cidade californiana, mas de acordo com o diretor de desenvolvimento de negócios da prefeitura de São Francisco e um dos responsáveis pela iniciativa LatinSF, Todd Rufo, a expectativa é que a visita do prefeito ao Brasil “abra as comportas” de empresas nacionais interessadas no projeto.
“Há uma grande quantidade de oportunidades em toda a América Latina e nós vemos isso como uma iniciativa pan-latino-americana, mas está claro que nós poderíamos passar todo o nosso tempo no mercado brasileiro ou mexicano e teríamos muito o que fazer”, comentou. “Nós precisamos pensar onde podemos fazer o maior impacto nestes primeiros anos. Esse é um dos motivos da nossa missão no Brasil, determinar quais as oportunidades aí e como podemos priorizar nossos recursos”.
Entre as reuniões feitas por aqui, a missão do prefeito realizou encontros com órgãos como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Brascom e o centro de empreendedorismo da Red Point e do Itaú, Cubo. Apesar disso, por enquanto nenhuma parceria foi confirmada.
Será o lugar certo?
São Francisco é quase um sinônimo de inovação, com uma comunidade vibrante de empresas, investidores e talento necessário para alavancar o negócio de organizações que estão buscando novos mercados. Mas entrar na cidade norte-americana não é a única maneira de se expandir para fora e é necessário algum cuidado antes de preparar uma migração.
De acordo com Rufo, apesar de trabalhar com iniciativas de diversas áreas e com negócios que vão desde startups buscando investimento até grandes empresas, a LatinSF tem alguns focos principais. Uma dessas áreas é o setor de tecnologia, principalmente para empresas brasileiras que buscam estabelecer escritórios de pesquisa e desenvolvimento em São Francisco ou oportunidades de novas parcerias com empresas locais.
“Se alguém estiver buscando abrir uma empresa do setor de entretenimento, talvez São Francisco não seja a melhor opção, mas para companhias que buscam inovação, pode ser uma oportunidade competitiva”, comentou o executivo.
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