“O mercado para profissionais de TI é um rio que fica cada dia mais largo e mais profundo.” A frase é do diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Sergio Sgobbi, em referência a um mercado de trabalho que, segundo ele, não para de crescer e trazer novas oportunidades de carreira.
De acordo com Sgobbi, o mercado continua bastante abrangente em razão das novidades que surgem, em software e hardware, além da necessidade de profissionais especializados.
No entanto, ele ressalta que qualificação ainda é um ponto crítico no setor de TI. “A inovação tecnológica tem uma agilidade que os currículos acadêmicos não conseguem acompanhar. O mercado de trabalho valoriza as certificações. O contraponto é que para progredir na carreira, o profissional precisa ter habilidades e competências que apenas a certificação não dá e ele vai precisar buscar na educação formal”, acredita Sgobbi.
Informatização. Comandar as atividades do dia a dia com um toque na tela do smartphone já é realidade com a internet das coisas (IoT, internet of things, da sigla em inglês). A tecnologia que liga um aparelho a uma inteligência tecnológica é uma das áreas mais recentes da TI que necessita especialização.
A diretora da área de internet das coisas e mobile da Innovative, Rosane Prado, de 41 anos, é formada em ciências da computação e, segundo diz, “trabalha com TI desde sempre”. Ela afirma não existirem muitos profissionais treinados para trabalhar com IoT e a demanda de mercado está aumentando.
O acesso por meio de smartphones e tablets é outra tecnologia que tem alta procura pelas empresas e o perfil do profissional que atua na área é jovem e bastante curioso. “Na maioria das vezes, está iniciando a faculdade. O mais sênior é aquele que começou a trabalhar com mobilidade na chegada da tecnologia, em 2006.”
Segundo ela, o profissional que trabalha com mobilidade é mais jovem, muito interessado em designer, com pensamento lógico e que entende de programação.
Atualização. Para o gerente da divisão de TI da Talenses, Leandro Bittioli, o armazenamento de dados na nuvem abriu uma lacuna em relação à segurança dessas informações e fez crescer a busca por profissionais da área da segurança da informação. “O mercado tem espaço para especialista em infraestrutura, cloud computing, segurança da informação cloud e da internet das coisas.” Segundo ele, são posições novas e por mais que o profissional jovem tenha competência técnica, com cinco anos de experiência ele já é sênior e, neste caso, o maior desafio é aliar as habilidades comportamentais ao conhecimento técnico.
Em relação à remuneração, Bittioli diz que alguns profissionais “estão inflacionados”. Por exemplo, o desenvolvedor de novas tecnologias cloud com quatro anos de experiência tem salário de R$ 12 mil, mesmo valor de profissionais que têm entre sete e dez anos de atuação no mercado de tecnologia.
Para o gerente executivo da Michael Page, Diego Mariz, o mercado de TI sente menos a crise, a falta de investimentos e incertezas. “É uma área que alia custos e eficiência, que fornece soluções para as empresas serem mais eficientes”, diz.
Segundo ele, todas áreas de TI têm o problema de formação. “Não existe a exigência de formação e sim de técnica. Ainda é o perfil mais jovem, conectado, multitarefa, desapegado.”
Mesmo sem ter conhecimento técnico na área de TI, a francesa Siham Hassan, de 44 anos, tem formação em economia e foi convidada em 2007 para ser gerente de TI da Anglo America. “Eu criei a área de TI do zero e eu aceitei muito motivada.
O convite, em grande parte, foi feito em razão das outras competências que eu tinha”, diz ela, que atualmente é diretora de TI para América Latina.
Para aprimorar os conhecimentos, ela conta que se aprofundou bastante em treinamentos. E, com atitude, o conhecimento técnico foi suprido. “Conversava com pessoas do ramo, estudei e com liderança montei um time.” O gerente de divisão de TI da Robert Half, Fabio Saad, diz que as tendências da área são apps, mobile, digital, business transformation. “As oportunidades de trabalho são para profissionais desenvolvedores, gerentes de projeto e analista de negócios.”
Dinamismo e atualização são fundamentais em telecom
A área de telecom também está em desenvolvimento, a substituição de serviços de voz fixo por wireless e a migração para serviços de voz sobre IP, também conhecida como VoIP (voice over internet protocol) tem aumentando a demanda por profissionais com experiências em redes de voz.
Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mostra que em setembro de 2015, o Brasil registrou 275,89 milhões de linhas ativas na telefonia móvel e 44,19 milhões de linhas de telefonia fixa.
Para atender a demanda, o engenheiro elétrico Homero Salum, gerente de engenharia de acesso na área de rede da TIM Brasil, se especializou em telecomunicações. Ele conta que não tinha experiência no setor, mas com o crescimento da área precisou de especialização e treinamento. “Passei por diferentes Estados e percebi as diferenças regionais nas redes.”
Salum trabalhou em expansão, operação e manutenção de operação da rede e hoje está na área de projetos de acessos. “Na função de redes, em telecom, é preciso conhecer os modelos de equipamentos do fornecedor, para estabelecer padrões tecnológicos e definir as particularidades para cada aparelho, para que a tecnologia funcione”, esclarece.
Segundo Salum, a área engloba diferentes profissionais: engenheiros de telecomunicações e engenharias eletrônica, elétrica, de computação, e profissionais de análise de sistemas, computação. “A competitividade no setor aumenta a necessidade de especialização de acordo com a área de atuação dentro da telecom”, diz.
O gerente conta que, mesmo trabalhando com uma equipe multidisciplinar, é difícil montar um time em razão da falta de especialização técnica, de formação mais específica em telecom. “Para atuar no setor é preciso ter dinamismo e manter-se atualizado, pois as tecnologias são ágeis e tem muitas variáveis (3G, 4G, 5G).”
Estadão

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