FOLHA DE PERNAMBUCO
por Folha de Pernambuco
Apesar de representar 7% do PIB Brasileiro, área sofre com a escassez
A necessidade por mão de obra qualificada é uma demanda forte das empresas de tecnologia. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o segmento representa 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, e até 2024 serão demandados cerca de 420 mil novos empregos de acordo com a Associação. Porém, além do conhecimento técnico, o comportamento também pode ser fator fundamental para a conquista de uma vaga.
Segundo a da superintendente de negócios e inovação do Porto Digital, Mariana Pincovsky, além do conhecimento técnico, é preciso que as pessoas que desejam ingressar no mercado tenham boa base da língua inglesa e que saibam trabalhar em equipe. “O nosso grande problema no perfil desses profissionais que saem das faculdades são nos soft skills, nas competências comportamentais, ou seja, atributos pessoais que você precisa ter. Muitos deles, principalmente os que saem das universidades públicas eles tem um nível técnico muito bom, mas quando vemos habilidades como trabalhar em equipe, inglês, resiliência, eles tem um pouco de dificuldade, e isso é algo que estamos trabalhando”, aponta a superintendente.
Mariana aponta que o Porto Digital em meio as quase mil vagas que estão abertas no Parque, desenvolveu em parceria com instituições de ensino cursos para que as pessoas possam se qualificar, e que para isso as empresas embarcadas no Porto foram procuradas para saber o perfil de profissional que precisam. “A gente espera que os cursos possam suprir uma demanda bem reprimida, e para isso a gente entrevistou alguns dos principais empregadores do Parque, e identificamos o perfil de público que eles precisam.
A partir disso, a gente modelou cursos com o perfil que os empresários estão precisando hoje, com a necessidade. Temos também o Cesar School, que trabalham na área da inovação, com metodologia diferente das universidades tradicionais”, disse Mariana.
O novo Plano de Formação e Capacitação do Porto Digital são ofertados pelo Centro Universitário Tiradentes (Unit), Fundação Dom Cabral, Cesar School e Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com graduações e pós-graduações nas áreas de engenharia de software, design, internet das coisas (IOT), programação, gestão e transformação digital, ciência da computação, jogos digitais, desenvolvimento de software, entre outros.
De acordo com a Brasscom, as universidades brasileiras conseguem suprir apenas 25% da demanda de empregos para as empresas de tecnologia, e essa é uma queixa da superintendente de negócios e inovação do Porto Digital, onde os currículos das instituições de formação estão atrasados em relação à velocidade de avanço da tecnologia, que se atualiza permanentemente. “Uma grande crítica é que a academia demora um pouco para acompanhar o processo de transformação. A gente opera ensinando a revolução industrial, e no mundo atual estamos passando por um processo de transformação digital. É preciso pensar sobre como que podemos mudar as metodologias de ensino, para deixar cada vez mais esses profissionais preparados para o mercado de trabalho, que é um mercado cada vez mais exigente”, destacou.
Segundo o secretário de ciência, tecnologia e inovação de Pernambuco, Aluisio Lessa, a dificuldade por profissionais capacitados se dá em todos os principais polos de tecnologia do Brasil, e destacou que um trabalho será feito para que já no ensino médio os estudantes tenham uma base curricular capaz de atuar no mercado tecnológico. “A gente vê a inovação como uma grande corrente. A dificuldade de formação de pessoas é um tema debatido, criamos um grupo de trabalho aqui com o Porto Digital, universidades, e vamos preparar uma grade curricular específica para acelerar essa formação mais capacitada”, disse Lessa.
Como uma alternativa para suprir a falta de profissionais com conhecimento avançado, a Mídias Educativas, passou a capacitar os profissionais na própria empresa, como conta a CEO da empresa, Laís Xavier. “No momento a gente precisa de bons desenvolvedores com conhecimento básico, de algoritmo. A prioridade é ter uma base bem feita. Nós formamos internamente, damos a capacitação, dentro da nossa expertise, com a linguagem que utilizamos na empresa, mas também investimos nessas pessoas para que possam aprender algo que sirva de base para todo o mercado”, destacou a CEO.