Durante a coletiva de imprensa realiza hoje, Sergio Paulo Gallindo, presidente executivo da Brasscom apresentou em detalhes o relatório setorial de TIC desenvolvido pela Entidade.
A Brasscom possui uma área dedicada à Inteligência e Informação que produz, a partir de metodologia própria, relatórios relevantes para entendimento do desempenho e desafios do setor de TIC no Brasil, utilizando-se de bases de dados públicas e de consultorias especializadas.
No relatório setorial lançado durante o Brasscom TecFórum e apresentado hoje em detalhes para os jornalistas, o agregado dos setores de Telecom, TIC (Hardware, Software, Serviços e Exportações) e In House (tecnologia produzida dentro das empresas que não são setoriais, como por exemplo os bancos) apresentou em 2018 uma produção equivalente a R$479 bilhões, com crescimento 2,5% e manutenção da participação no PIB em patamar de 7,0%. Em termos de empregos, o setor somou 1,7 milhão de trabalhadores, com criação de 42 mil novos postos de trabalho em 2018.
O setor de TIC isolado teve o melhor desempenho dentre as três categorias, com crescimento de 4,2% e criação de 27 mil postos de trabalho. A produção In House apresentou tendência de estabilidade, e espera-se queda devido aos avanços da prática de outsourcing que deve ocorrer devido à maior segurança jurídica proporcionada pela legislação trabalhista. Já Telecom avançou com a oferta de serviços digitais, o que permitiu contratação de 12 mil profissionais. Os subsetores de TIC, Software e Serviços, cresceram juntos 5,9%. Individualmente, Software cresceu 1,3% e Serviços 7,7%. O grande destaque são os serviços de nuvem (nas categorias de infraestrutura, plataforma e licenciamento de software) que cresceram 55,4%. Software e serviços destacam-se pelo potencial de criação de empregos: em 2018 foram gerados 28 mil novos postos.
Em termos de distribuição de empregos, o Brasil está permeado por tecnologia em todo território nacional. Há concentração de 43% da produção da tecnologia no estado de São Paulo, o que é maior que a participação do estado na economia nacional, indicando que há ampla possibilidade de ampliação do setor para outros estados.
Um destaque relevante é a alta qualificação do profissional do setor. Comparando com a média do salário nacional (R$ 1.836), o setor remunera 2,4 vezes (R$ 4.444). Os subsetores de Software e Serviços se destacam por remunerarem 2,8 vezes melhor que a média nacional.
Em 2018, o Brasil perdeu participação no mercado Latino-americano, mas manteve-se como o 7º maior produtor de TIC e Telecom do mundo, apresentando uma importante distância a ser superada em relação à França (6º colocado) e aproximação da Índia (8º colocado). Em telecomunicações, a ligeira aceleração de banda larga fixa e móvel demonstra que há um importante espaço para crescimento de infraestrutura, o que pode desbloquear os investimentos em outras tecnologias. Em termos comercialização de Hardware de uso, ou seja, dispositivos, verificou-se queda em smartphones e tablets e relativa estabilidade de notebooks.
No caso dos investimentos em infraestrutura, depois do pico de investimento em 2018 motivado pela transformação da TV analógica para a digital, há tendência de retroceder o patamar. Por outro lado, houve crescimento da compra de servidores, o que pode significar melhora de condições para expandir o processamento de dados que cresce de forma exponencial.
Em termos de perspectivas para o futuro, com base nos dados da IDC e F&S, verifica-se um apetite bastante consistente para o consumo em mobilidade e conectividade, que devem atingir um crescimento de 5,7% a.a, chegando a um patamar de R$400 bi entre 2019 e 2022. Olhando para o conjunto de tecnologias de transformação digital, há destaque para o crescimento de Inteligência Artificial, que deve atingir um patamar de investimentos de R$ 2,5 bilhões no período, a uma taxa de crescimento de 29% ao ano, e para a Robótica, tecnologia relevante por ser a base para a indústria 4.0 com perspectiva de investimentos de R$ 23 bilhões no período, a uma taxa de crescimento de 17% ao ano. Destacam-se também as primeiras perspectivas de investimento em Blockchain da ordem de R$1,4 bilhões no período, a uma taxa de crescimento de 64% a.a.. Esta visão permite otimismo para afirmar que o setor continuará crescendo em taxa acelerada, o que pode permitir que o tamanho do setor de Software e Serviços, intensivos em mão-de-obra, dobre até 2024.
A partir de um crescimento de 8 a 9% em 2019, que deve se acelerar nos próximos anos, a Brasscom estimou até 2024 a demanda por profissionais do setor em 329 mil profissionais e da TI In House em 92 mil profissionais, totalizando 420 mil. A demanda será de 25% em IoT, 11% em segurança, 10% em Big Data, 6% em Nuvem e 2% em AI, além da demanda por profissionais administrativos (19%), de nível técnico (14%) e em outras tecnologias (13%). Em relação a formação de mão-de-obra fica evidente o tamanho do desafio do Brasil para conseguir dobrar o setor de Software e Serviços. Hoje o Brasil forma 46 mil pessoas com perfil tecnológico por ano, com relativo descasamento geográfico entre oferta e demanda de mão-de-obra. No entanto, os 420 mil profissionais que serão demandados até 2024 representam a necessidade de 70 mil profissionais ao ano. Estes números despertam para a necessidade de formação de mão de obra qualificada no curto prazo.
Confira o relatório setorial completo em: https://brasscom.org.br/relatorio-setorial-de-tic-2019/
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