Palestra com monja e executiva é um dos destaques do evento
O crescente impacto da tecnologia no mercado de trabalho e a importância dos projetos de carreira individuais para a gerência de recursos humanos estão entre os principais assuntos do 2º Encontro de Universidades – A sinergia entre a Educação Acadêmica e Corporativa na 4º Revolução Industrial, que será promovido pelo INFI (Instituto FEBRABAN de Educação) em 23 e 24 de outubro, São Paulo.
Para que um jovem recém-chegado ao mercado de trabalho seja bem-sucedido na carreira, universidades e empresas devem priorizar, além da formação técnica, o desenvolvimento pessoal de cada aluno ou funcionário. É preciso cuidar para que ele tenha excelentes relações interpessoais, consciência social e capacidade de alcançar objetivos e metas de vida. Como atingir esse objetivo é o tema da palestra de abertura do evento, intitulada “O propósito e o mundo do trabalho”, que será proferida pela Monja Coen e por Glaucimar Peticov, diretora executiva do Bradesco, o que levou os organizadores do evento a apelidar o encontro, com humor, de “A Monja e a Executiva”.
Missionária oficial da tradição Soto Shu do Zen Budismo no Brasil e fundadora da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil, Monja Coen irá abordar a importância da inteligência espiritual na vida do estudante e do profissional que ingressa no mercado de trabalho. Além de englobar a inteligência emocional – o autoconhecimento e a capacidade de compreender e gerenciar os próprios sentimentos –, a inteligência espiritual seria, também, a aptidão do ser humano em dar sentido à existência e valor aos seus pensamentos e ações nas atividades do dia a dia.
“A inteligência espiritual é sair em busca da essência, de saber o que estamos fazendo aqui e como é possível usar minha inteligência, não só para o meu bem-estar, mas também para o bem-estar da minha família e do meu próximo”, explica a monja, para quem a universidade e as empresas são fundamentais no desenvolvimento da inteligência espiritual de alunos ou funcionários, para que criem aptidões verdadeiras e desenvolvam o máximo de seu potencial físico, intelectual, social e profissional durante a vida acadêmica e profissional. “Não se pode olhar apenas a parte técnica, é preciso investir no ser humano, para que ele se sinta completo, alegre, motivado, feliz no seu lugar de trabalho; que seja uma escolha sua estar naquela empresa.”
Outro fator importante a ser observado pelas escolas, na opinião da budista, é ensinar o aluno a ter flexibilidade para encarar um mundo em constantes mudanças, devido à revolução tecnológica. “Hoje é necessário ter a visão do todo, do global, e não apenas de uma área específica”, diz. “É preciso ser flexível, para poder mudar de cargos e posições; ter tanto o olhar do trabalhador iniciante, quanto o da chefia.”
Glaucimar Peticov, diretora executiva adjunta do Bradesco, que responde pela universidade corporativa da instituição, a Unibrad, e pelas áreas de Recursos Humanos, Compras, Ouvidoria e Compliance, Conduta e Ética do banco, o papel das empresas, atualmente, vai muito além das paredes da corporação e de tratar de temáticas como escolarização ou educação executiva. “Estamos falando de possibilidades de mudar uma condição social de uma cidade e até de um país.”
Para a executiva, a educação corporativa deve ser vista como uma alavanca para o desenvolvimento não só profissional, mas também pessoal dos funcionários e dos ambientes onde vivem. Para isso, é preciso saber exatamente qual é o propósito de cada pessoa dentro de uma organização. “É necessário transformar a pessoa, fazer com que ela se sinta diferente, como um agente acelerador de mudanças em seu departamento, na sua área, em sua casa, na sociedade onde vive”, afirma Peticov. “Com isso, também fortalecemos a marca da empresa e colocamos de uma maneira muito clara o nosso compromisso social.”
Vocação e perfil
O executivo Fábio Barbosa fará a palestra de encerramento do evento, intitulada “O futuro da educação”. Ex-presidente da FEBRABAN e membro dos conselhos do Itaú-Unibanco, da Gávea Investimentos, da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, da Natura Cosméticos, da Hering e do Insper, ele falará da importância dos valores e da vocação profissional, essenciais para que o jovem defina onde o seu perfil se encaixará melhor no mercado de trabalho e dentro de uma empresa.
Barbosa também adiantou que falará da necessidade do constante aprendizado e atualização profissional, em um mundo que muda com muita rapidez, devido à revolução tecnológica. “Ninguém está formado: essa expressão, ‘formado’, não existe mais”, diz. “A educação tem que preparar o jovem para que esteja constantemente aprendendo e se adaptando.”
Para o executivo, as universidades corporativas sempre desempenharam um papel importante para trazer o jovem mais perto da realidade do mercado de trabalho, mas cada profissional tem de ser responsável por seu próprio desenvolvimento. “O que as organizações, universidades corporativas, faculdades podem fazer é oferecer oportunidades, mas você é o protagonista da sua vida”, diz. “A responsabilidade da carreira é de cada um.”
Programação
De acordo com Fábio Moraes, diretor de Educação Profissional e Financeira da FEBRABAN, o objetivo do Encontro de Universidades é buscar a sinergia entre os dois tipos de instituições, na construção de currículos, no uso de novas metodologias e na disseminação das tecnologias do aprendizado. “A convergência entre o conhecimento adquirido com a educação acadêmica e as competências exigidas pelas organizações tornou-se, hoje, um dos grandes desafios do profissional que deseja manter sua competitividade em um mercado de trabalho caracterizado pela constante necessidade de inovação”, diz. A programação do evento ainda irá debater assuntos como gamificação (prática de aplicar recursos de jogos em diversas áreas, como na educação e nos negócios), inteligência artificial e neurociência na educação.
Os participantes também terão a oportunidade de inscrever trabalhos no Prêmio INFIFEBRABAN – Melhores Projetos em Educação Inovadora. De acordo com a organização, nesta segunda edição, as categorias serão games – projeto e protótipo; aplicativos – projeto e protótipo; e artigos acadêmicos. Os projetos deverão abordar o uso da educação acadêmica ou corporativa na solução de questões ligadas à comunidade, organização ou meio acadêmico.
O 1º colocado de cada categoria será premiado com R$ 5 mil, e cada vencedor também receberá orientação para o desenvolvimento do seu projeto, através de 10 sessões de coaching com especialistas nos temas. O prazo para o envio dos trabalhos terminará em 10 de outubro.
Mais informações sobre o evento podem ser acessadas neste