A Transformação digital: novos e velhos empregos!

Não há muito dúvida de que o momento de uma grande mudança do patamar tecnológico traz uma grande consequência no trabalho humano e por consequência nos empregos. Foi assim com a Revolução Industrial, na informatização nos anos 80 e será agora com o vem sendo denominado como a Transformação Digital. Nos momentos anteriores a reposição de postos de trabalho aconteceu pelo surgimento de novas posições que nem sequer existiam alguns anos antes. E outras sumiram completamente. O caminho para o ser humano foi a reinvenção, a busca por uma nova atividade. De motorneiro ou condutor de bonde a motorista de ônibus. De estivador a operador de guindaste. De datilógrafo a programador de sistemas. No entanto, profissão não é como uma camisa, que se muda de um uma hora para outra e obviamente não são todos que conseguem fazer esse movimento. Mesmo quando a mudança está baseada na troca de habilidades físicas, ela pode ser desafiadora em função de expectativas e contextos pessoais. Mas quando são requeridos mais cérebros e menos braços, o desafio é bem maior, pois são necessários novos conhecimentos e experiências! É preciso tempo e esforço para esse desenvolvimento de novas competências, pelas próprias pessoas ou até pelas organizações!

Deixando mais complexo o desafio de saber qual direção tomar para esse desenvolvimento de competências, em qualquer momento de transição, surgem posições igualmente transitórias que funcionam como uma preparação para a nova realidade. São posições que tem valor somente enquanto a nova tecnologia resolve seus próprios desafios evolutivos. Um bom exemplo nas décadas de 50 a 70 do século passado era o cargo de “perfurador de cartões”¹. Hoje a imagem de uma perfuradora de cartões parece algo absolutamente insólito. Mas fazia sentido, numa época em que a melhor interface entre máquina e homens era exatamente esses cartões perfurados. Pensa

Outras posições parecem já estar totalmente alinhadas a nova realidade que está chegando, como por exemplo o “gestor de comunidade”! Este é um profissional que tem como objetivo interagir nas redes sociais assegurando a presença de uma marca de forma alinhada ao posicionamento desejado. É um misto de assessor de imprensa, mediador, porta-voz e influenciador. O desafio não é somente de desenvolver a interação em si, que poderia ser confundido simplesmente com um mediador de discussões ou ainda uma tradicional Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC). Mas na verdade são vários os atributos que efetivamente apoiam a construção de uma comunidade virtual e que reforçam o posicionamento de uma marca. Entre eles estão: a velocidade de resposta, a coerência de interesses, oferta de apoio e suporte, e até incremento do próprio senso comunitário, criando experiências além do mundo virtual, como eventos ou encontros presenciais. A complexidade do trabalho ainda aumenta, quando consideramos três diferentes redes sociais, como Instagram, Facebook e Linkedin. Tratam-se de canais diferentes com públicos específicos, com expectativas diferentes. Mesmo quando um mesmo indivíduo use as três redes sociais, a dinâmica de interação em cada rede social pode ser completamente diversa e portanto as respostas e tratamentos também diferem. Para mais informações sobre os desafios do gestor de comunidades, recomendo ler o excelente artigo de Colleen Young², sobre “Gestão de Comunidades” no segmento de saúde, publicado em 2013. Mesmo depois de mais de 5 anos a publicação, o cargo ainda apresenta-se “não tão trivial” de ser preenchido. Isso por que papeis e responsabilidades ainda estão em adaptação a uma realidade que ainda não atingiu maturidade. A dispersão da remuneração de um cargo como esse ainda é enorme, de quase 12 vezes entre o menor e o maior salário pago³.

Mas o “gestor de comunidade” é somente um exemplo de como novas posições devem surgir no mercado, não necessariamente definidos, ainda em adaptação ao contexto e a própria tecnologia. O desafio comentado nos primeiros parágrafos, se apresenta, tanto para contratante, quanto para contratado: como estar preparado para essas novas posições? Que competências de hoje podem ser a alavanca para essas novas posições? Será essa uma posição perene ou sumirá com a próxima start-up a caminho de ser um unicórnio?

 

Publicado em:

https://itforum365.com.br/a-transformacao-digital-e-os-novos-empregos/
http://tiinside.com.br/tiinside/services/24/03/2019/a-transformacao-digital-e-os-novos-empregos/

Todas as referências pesquisadas em 16/02/2019.

1 – Sobre perfurador de cartões:
https://memoriainfo.furg.br/acervo/cartoes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Perfurador_de_cart%C3%A3o

2 – Sobre gestor de comunidades:
Colleen Young https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3713910/

3 – Sobre remuneração de um “gestor de comunidades”
https://www.lovemondays.com.br/salarios/cargo/salario-community-manager

 
[gview file=”https://brasscom.org.br/wp-content/uploads/2019/04/TD-e-os-novos-empregos-v2.pdf”]

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