Aplicativos de segurança para grandes eventos, modelo de depósito de rejeitos e
clínica virtual de radioterapia são usados para treinar funcionários e
mostrar os efeitos do tratamento nos pacientes.
O Instituto de Engenharia Nuclear, ligado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), está usando técnicas de realidade virtual para fazer treinamentos e apresentar os benefícios da energia nuclear para a população. No Laboratório de Realidade Virtual (LabRV) do Instituto, um grupo de 20 pesquisadores desenvolve aplicativos de proteção física para grandes eventos, um modelo virtual de depósito de rejeitos radioativos e uma clínica virtual de radioterapia. Criados a partir de uma plataforma de jogos eletrônicos, os projetos oferecem a sensação de imersão nos ambientes virtuais por meio de equipamentos de visão estereoscópica.
“Infelizmente, a energia nuclear é vista com ressalvas pela população. Além das aplicações na medicina, como o diagnóstico e tratamento do câncer, ela é uma importante fonte de energia elétrica”, afirma o coordenador do Grupo de Realidade Virtual, Antônio Carlos de Abreu Mól.
A Clínica de Radioterapia Virtual, criada pelos pesquisadores do IEN a pedido do Ministério da Saúde, será usada para treinamento de funcionários e para explicar aos pacientes como funciona a radioterapia. “Há uma série de protocolos que tem que ser obedecidos para garantir a segurança de todos os envolvidos, tanto o paciente como o próprio operador. Um ambiente virtual onde você reproduz a instalação real permite simulações, testes e treinamento. Também vamos mostrar o que é a medicina nuclear e ao que o paciente está sujeito. Quantas pessoas fazem o tratamento de radioterapia, mas não entendem o que está acontecendo com elas mesmas?”
Outro projeto é o modelo virtual para depósito de rejeitos radioativos. No Brasil, a Cnen é responsável pelo recolhimento e armazenamento dos rejeitos de baixa e média atividade radioativa. Com o simulador, é possível treinar o operador e delinear a malha de taxas de dose (medida do efeito biológico da radiação) para planejar a disposição dos materiais em cada lugar da instalação. No aplicativo criado pelos pesquisadores, a taxa de dose é representada por marcadores que indicam a intensidade do material por meio de uma escala de cores e altura.
Grandes eventos
Já o Maracanã Virtual foi usado para simular a atuação de técnicos da Cnen e de instituições de segurança durante os Jogos Olímpicos de 2016. Antônio Mól ressalta que o aplicativo atende não apenas grandes eventos, mas também pode ser aplicado no treinamento de agentes de segurança em outras situações.
“O simulador nada mais é que um ambiente virtual interativo, multiusuário, onde existem diversos personagens que podem ser controlados. Um usuário pode controlar as ações de um personagem, que representa um servidor da Cnen portando um monitor de radiação, enquanto monitora os demais personagens do ambiente. Outro usuário pode controlar um personagem que representa um possível terrorista, portador de um artefato contendo material radioativo. O ambiente virtual permite que vários personagens sejam controlados ao mesmo tempo, de modo a poder simular diversos procedimentos relacionados à segurança física e radiológica”, explica.
Escolas
Segundo Mól, o próximo passo é apresentar os projetos nas escolas para levar o conhecimento sobre a energia nuclear aos estudantes. “A ideia é fazer uma divulgação científica das aplicações da energia nuclear, levando o conhecimento em uma linguagem que a população entenda e se integre ao processo de aprendizagem. Os jovens estão mais perto dessa tecnologia do que os próprios adultos. Eles são do mundo tecnológico. Quando você apresenta a linguagem tecnológica, eles se sentem atraídos por isso e vão difundir esse conhecimento para os pais.”
MCTIC