Eliezer Silveira Filho (*)

Na década de 80, Hollywood nos levou a conhecer diversas histórias de como seria o futuro e como a sociedade viveria em um mundo protagonizado pela tecnologia. Robôs e androides, carros voadores, viagens no tempo, equipamentos conectados, diversos itens que habitavam os sonhos da maioria dos jovens naquela época e que estavam presentes na expectativa de um futuro aparentemente utópico e distante. Dois fatos, porém, encurtaram nossa distância até o futuro.

O primeiro ponto foi a tecnologia, mais precisamente o avanço da computação. Segundo a lei de Moore, a capacidade de processamento dos computadores dobraria a cada 18 meses, o que trouxe saltos rápidos nas evoluções, principalmente, nas duas últimas décadas. E este ritmo deve acelerar ainda mais com a computação quântica, permitindo supercomputadores ainda mais ágeis, com capacidade de processar problemas de alta complexidade.

Já o segundo ponto está ligado às mudanças da sociedade. Hoje, mais da metade da população vive em áreas urbanas e, segundo a ONU, estima-se que este percentual suba para 66% até 2050. Esse futuro urbano é o ápice da transição da população. As metrópoles estão virando megalópoles, a população abandonando os campos e lugares menores para viverem nos grandes centros. Neste mundo urbano, as relações sociais se transformam e a conectividade gera um novo perfil de consumo. No ambiente urbano, todos são omni, envoltos por estímulos a todo o momento.

A conjuntura entre esses dois pontos forma o vértice para nossa corrida ao futuro, agora não baseada nas expectativas dos filmes de ficção cientifica, mas na aplicação real da tecnologia transformando as interações da sociedade. Inteligência artificial já é realidade quando vemos diversos atendimentos de empresas serem, se não totalmente, parcialmente substituídos por interfaces conversacionais alimentadas com bases de dados – com capacidade superior à humana. Os sensores estão presentes em nosso dia a dia, coletando nossos dados, locais que frequentamos, hábitos e, com isso, desenvolvendo equipamentos que nos auxiliam de forma preditiva. Novas questões éticas e de segurança de dados têm pautado as discussões e devem desenvolver novas legislações para a sociedade.

Já estamos no meio dessa corrida, vivendo esse futuro e, ao mesmo tempo, reinventando nossos negócios para o que mais vêm pela frente. Para isto, precisamos aprender algo que a sociedade já nos trás: a conexão entre as pessoas. Devemos aproveitar para desenvolver redes de inovação, aplicando no mundo corporativo conceitos mais colaborativos e trazendo o conceito de cocriação. Este conceito foi fortalecido em 2004 por C. K. Prahalad e Venkat Ramaswamy no livro “O futuro da Competição”. O ato de cocriar é a somatória das forças e capacidades das empresas, parceiros, clientes e sociedade para promoverem uma experiência que impacta as pessoas.

No ano passado, durante uma conversa com o autor americano Kevin Kelly, “guru” do tema inovação e cofundador da revista Wired, referência neste mercado, falávamos sobre o futuro, impacto das transformações na área dos empregos, automatização de processos e o quanto isso impactaria nas vidas das pessoas. Segundo ele, até o final do século, 70% das atuais profissões serão substituídas pela automação. Isso pode trazer inseguranças e receios para a sociedade.

Apesar disso, a capacidade humana de criar pode desenvolver novas profissões, da mesma forma que desenvolveu a tecnologia até hoje. Foi a humanidade que imaginou o futuro na década de 80, que desenvolveu a capacidade da computação, e somos nós que podemos construir um futuro melhor. E pessoas, sociedade, empresas, governos, todos somos responsáveis em cocriá-lo.

 
(*) Eliezer Silveira Filho é CMO da Stefanini para América Latina, quinta empresa brasileira mais internacionalizada segundo Ranking da Fundação Dom Cabral 2017. A Stefanini tem como propósito “cocriar soluções para um futuro melhor”.

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