A Transformação Digital das organizações e de seus processos de negócios tem um grande impacto na forma como estas são organizadas, lideradas e operadas. Estamos testemunhando mudanças profundas em todas os segmentos de mercado, marcadas pelo surgimento de novos modelos de negócios e pela disrupção da estrutura competitiva tradicional, sejam através de startups ou novos entrantes advindos de segmentos fora do radar competitivo.
Estes avanços convergem para uma economia baseada em dados, inteligência e automação e no desenvolvimento de plataformas digitais de negócios – com alto potencial de transformação da experiência de clientes e cidadãos.
Este progresso tecnológico global ocorre ao mesmo tempo em que o Brasil precisa ampliar urgentemente sua capacidade de agregação de valor de sua produção e na pauta de exportações do país, como por exemplo em serviços baseados em conhecimento, que geram divisas e empregos com alto grau de qualificação. No caso específico do setor de TI, o Brasil exporta pouco mais de 2% de sua receita total, uma participação relativa dez vezes menor que a da Argentina, mesmo que estejamos entre os 8 maiores mercados globais de TI.
Por outro lado, a evolução das expectativas de cidadãos, clientes e consumidores e a dinâmica competitiva impulsionada pelas tecnologias exponenciais têm reduzido os ciclos de vida de produtos e das próprias organizações, e aumentado a pressão sobre governos ao redor do mundo. Alguns chamam este fenômeno de darwinismo digital. Para permanecer competitivo na economia digital, e manter o diálogo e a representatividade democráticos fluindo de forma adequada, tanto as empresas como os países devem explorar a fronteira da inovação e aumentar sua produtividade, grau de transparência e níveis de serviço oferecidos, o que significa que as estratégias que se concentrem unicamente na redução de custos serão cada vez menos efetivas.
Com o Brasil não será diferente: as vantagens brasileiras deverão ser aproveitadas para superar desafios e avançar na digitalização da economia.
Embora o Brasil possua fortes e significativas vantagens competitivas em determinadas áreas, como o agronegócio, tecnologia aplicada ao sistema financeiro, diversidade cultural e uma economia de porte significativo e diversificada, sabemos que o país ainda tem enormes desafios a enfrentar, em áreas como: infraestrutura, níveis de investimento, serviços públicos (como educação, saúde e segurança) e a nossa competitividade de forma geral.
Atualmente nosso país ocupa apenas a 80ª posição do Índice GCI de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial (dentre 137 países e composto por 114 indicadores). Tal posição está bastante aquém das possibilidades do país, impactando o nível de atratividade do Brasil para novos investimentos e seu desenvolvimento. Um contraponto positivo é a pesquisa da PwC Brasil, que indica que as empresas brasileiras planejam aumentar seu portfólio de produtos e serviços digitais em até oito vezes até 2020, apostando em ganhos de até 10% de sua receita através da otimização de eficiência, vendas adicionais e redução de seus custos.
Mas o que impede o avanço mais rápido, no Brasil, das iniciativas de Transformação Digital? Em pesquisa exclusiva apresentada em 2017, desenvolvida por mim em parceria com a empresa de recrutamento FESAP junto a altos executivos do segmento de TIC (tecnologia e telecomunicações), pode-se identificar entre as principais barreiras indicadas.
- baixa predisposição a assumir riscos (inovação rápida, regulação, segurança de dados);
- pouca agilidade, empreendedorismo e mindset digital da organização;
- concorrência por prioridades e orçamentos;
- inflexibilidade da infraestrutura e sistemas de TI.
É essencial que a concepção de uma Estratégia Digital seja o primeiro passo para a evolução da organização, analisando seu modelo de negócios e os cenários impactando seu setor de indústria, identificando assim quais oportunidades e riscos decorrentes da digitalização devem ser priorizados. E então desenvolver e recrutar talentos adequados e ter a liderança comprometida a articular essa jornada, com os níveis adequados de Governança e Gestão de Riscos Corporativos. As organizações mais bem-sucedidas evoluirão de estruturas hierárquicas para modelos colaborativos e distribuídos articulados em rede, com o fluxo contínua de dados ao longo de toda a sua cadeia de valor.
Estes são alguns dos atributos descritos por Salim Ismail da Singularity University em sua obra Organizações Exponenciais (ExO): aquelas capazes de crescer e geram valor em ritmo acelerado, com estruturas enxutas, ágeis e eficientes. O Brasil e suas organizações, públicas e privadas, deveriam ter pressa na incorporação desta visão!
SOBRE O AUTOR
André Echeverria é Diretor de Inovação e Transformação Digital da Brasscom, associação que reúne mais de 60 das principais empresas de TIC operando no Brasil, além de 20 entidades de ensino e pesquisa. Seu foco em desenvolvimento de mercados verticais é integrada à atuação da Brasscom em Políticas Públicas, para a construção de um Brasil Digital e Conectado. Vem de posições de liderança executiva em empresas de tecnologia como a Microsoft, CA América Latina, Sun Microsystems e Sisgraph/Hexagon e é Conselheiro de Administração CCI certificado pelo IBGC, onde é membro da Comissão de Gestão de Riscos Corporativos.
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Fonte:
http://www.boardplace.com.br/transformacao-digital/inovacao-e-disrupcao-digital/