A reoneração da folha de pagamento a partir de julho, em função do fim do incentivo fiscal da desoneração, concedida em 2011 pelo governo Dilma Rousseff, não pode servir de desculpas para mais demissões no setor, sustenta o diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresasde Telecomunicações e Operadores de Mesas Telefônicas – Fenattel, José Luiz Passos.
Segundo ele, os principais call centers transferiram suas atividades para o Nordeste para reduzir salários e o pagamento de direitos trabalhistas, como PLR e vale refeição. “Call center que já foi a geração do primeiro emprego para muitos jovens é, hoje, um subemprego, com péssimas condições de trabalho. Os jovens não se sentem atraídos mais para essa oportunidade”, afirma o executivo.
O setor de call center tinha uma desoneração que o permitia pagar 3% do valor total da folha de pagamento para a contribuição previdenciária. Agora retorna aos 20% que a lei determina. A redução de postos de atendimento é uma realidade em 2017, mesmo antes da reoneração da folha entrar em vigor. “Os call centers estão demitindo e contratando com valor bem abaixo do mercado e só tende a piorar com a terceirização irrestrita sancionada”, lamenta o sindicalista.
O portal Convergência Digital procurou a Associação Brasileira de Telesserviços, que tem o ex-ministro das Comunicações, Hélio Costa, como presidente do Conselho, mas até o momento, a entidade não se manifestou sobre o fim do incentivo fiscal. Dados do mercado dão conta que o segmento movimentou mais de R$ 45 bilhões em 2016.
Convergência Digital, Ana Paula Lobo