Espera-se que alunos universitários queiram expandir os horizontes e que conheçam todas as perspectivas de uma determinada área

Já não é mais novidade que a carência de profissionais de Tecnologia da Informação é uma realidade no Brasil. Se por um lado a transformação digital das empresas, acelerada pela pandemia do novo coronavírus, têm apresentado diversas oportunidades para as companhias nacionais desenvolverem produtos e serviços inovadores, capazes de competir com concorrentes estrangeiros, por outro, a falta de mão de obra capacitada pode acabar limitando uma expansão. Levando em consideração que o setor vai na contramão da crise e dos altos índices de desemprego, precisamos nos adaptar e nos preparar para o que vem pela frente.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o mercado deve criar 420 mil novas vagas até 2024. Porém, estima-se que, até lá, 150 mil vagas não serão preenchidas pela ausência de pessoas qualificadas. Acredito que o país terá que elaborar uma estratégia nacional para suprir a escassez dos especialistas e que deverá se preocupar em fornecer uma base cada vez mais sólida: quando pensamos em universidades, temos muitos exemplos no mundo para nos inspirar. Melhorando o nível da base, a capacidade de especialização e adaptação a diferentes contextos será facilitada.

Do ponto de vista das instituições, vejo que as empresas vão precisar desenvolver um método real de capacitação, como se fossem extensões das faculdades, só que cada uma com foco no seu contexto. Claro que existem diversos temas que são transversais a múltiplas áreas, então elas também terão a necessidade de construir parcerias com escolas técnicas para que juntas consigam canalizar energia e gerar aptidão. A insuficiência de profissionais vem da busca das organizações por pessoas já preparadas para chegarem trabalhando. Só que ao invés de fornecerem espaço adequado para o preparo, elas querem que outras firmas façam esse investimento.

Para sairmos desse “chove e não molha” e podermos nos movimentar, uma iniciativa que pode inspirar o cenário brasileiro é a contratação de desenvolvedores juniores. Considero que existem dois grandes benefícios no emprego desses profissionais. O primeiro é que conseguimos direcionar a capacitação deles para as necessidades que serão específicas ao contexto enfrentado no dia a dia. O segundo, é que naturalmente se cria um elo muito forte entre os colaboradores e as empresas por conta de ser o primeiro emprego. A oportunidade de atuar em um local que alimenta uma cultura de crescimento individual é uma vantagem competitiva poderosa.

Negócios que somam forças com o que as escolas de ensino superior têm a oferecer com certeza se destacam. Espera-se que alunos universitários queiram expandir os horizontes e que conheçam todas as perspectivas de uma determinada área – ainda que isso não seja suficiente para que fiquem bem posicionados na corrida pelas vagas. Em contrapartida, o mercado exige um certo nível de especificidade e um bom poder de execução. Como não dá para esperar que todas as pessoas do mundo pratiquem o que é fundamental para se desenvolver fora do horário de trabalho, as empresas têm o papel de servir como agentes catalisadores no progresso dos estudantes.

A meu ver, o crescimento exponencial dos profissionais acontece quando temos ambientes propícios para que eles estudem e treinem situações problemas da vida real. Apenas como exemplo, na Zup, estamos continuamente mapeando características dos nossos desafios e nutrindo treinamentos internos. Assim, contratamos pessoas de diferentes níveis e sempre abrimos espaço para mais gente. Como efeito positivo, elevamos a régua da qualidade da força de trabalho e facilitamos a transferência de aprendizado, acompanhando o processo de capacitação, inclusive, do ponta de vista psicológico, para garantir que a experiência seja transformadora.

O jovem acadêmico tem um futuro promissor na Tecnologia da Informação. A área da computação, por exemplo, é muito nova quando comparada a outros setores e isso traz uma dinamicidade absurda. Se você é ou conhece alguém que quer ter a chance de viver em um contexto que está cheio de alternativas de aprendizados e que tudo pode ser novo de novo – afinal, quando achamos que encontramos uma solução legal e começamos a acreditar que ela é o caminho, vem outra ideia e destrói a anterior – a TI é uma boa pedida. Me coloco à disposição para ajudar aqueles que estão começando a desmembrarem esse campo tão importante para a nossa economia.

Por Alberto Souza – Diretor de Tecnologia e Educação na estrutura de Educação da ZUP, empresa de tecnologia que há mais de dez anos atua na transformação digital de grandes companhias e que recentemente foi adquirida pelo Banco Itaú, a maior instituição financeira da América Latina.

 
Fonte: Mundo RH
Link: https://www.mundorh.com.br/brasil-precisa-profissionalizar-jovens-de-ti-em-inicio-de-carreira/

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